Falando-se de rádio, invariavelmente é lembrado que seu pioneiro em Gramado, foi Antônio Gonçalves da Silva. Sou filho dele e, por causa desse afável motivo, outorgo-me a honrosa e agradável tarefa de contribuir para o justo enaltecimento de sua memória.
Antes de colocar no ar a rádio que o incluiria definitivamente na história gramadense, meu pai explorava um serviço de alto-falantes no centro da cidade, juntamente com Garibaldi Ferreira dos Santos e Parmênio Paiva Filho, lendário ex-marinheiro conhecido pela alcunha de Toco. Colocavam no ar músicas, propagandas e serviços de utilidade pública e se chamava “A Voz de Gramado” carinhosamente denominada também a “ A Voz do Poste”. O estúdio estava localizado na metade da rua Pedro Benetti, lado sul da igreja São Pedro, sendo parte da oficina de conserto de rádios da qual Parmênio se sustentava. O serviço dispunha de alto-falantes espalhados por vários postes da avenida Borges e praça Major Nicoletti, funcionando diariamente das 10 às 12 horas e das l4 às l7. Enquadrados no tempo, estamos nos referindo ao final dos anos 50 e início dos 60. O serviço foi marcante em sua época pois, além da programação regular, detinha um concorrido programa de auditório infantil que incluía concurso de calouros, gincana, quadros teatrais e iniciativas diversas das escolas existentes. Seu apresentador era o gramadense Romeo Ernesto Riegel, então locutor da Rádio Clube de Canela. Essas audições, cujo produtor naturalmente era Antônio Gonçalves, tanto o entusiasmavam que às vezes, ele abandonava os bastidores da Sociedade e acomodava-se em um banco da praça Major Nicoletti para escutar, por algum tempo, a obra que tanta apreensão e cuidados tinha lhe exigido durante a semana.
A Voz de Gramado, consolidou-se junto à comunidade porque não exagerava em volume nem se intrometia em horários impróprios, procedimentos que eram regular e permanentemente monitorados. A credibilidade resultante abriu as portas para a benigna aventura da primeira emissora de rádio que Gramado possuiu.